Saône-et-Loire reúne testemunhos de todas as épocas da história francesa. Lá encontram-se cavernas onde viveram os homens pré-históricos, como a de Azé com suas estalactites ou as rochas de Solutré que dominam as vinhas. A região também tem restos celtas em Bibracte, uma cidade fortificada no alto do monte Beuvray. Os mosteiros românicos contam a época em que Cluny foi o centro espiritual da Europa medieval, e sua basílica foi modelo para a de Paray-le-Monial. Fortalezas medievais como Brancion ou Berzé-le-Châtel ainda estão de pé em suas colinas, com torres e muralhas que protegiam os vales. As vilas preservaram suas igrejas românicas de pedra, castelos e praças onde a vida continua tranquila. Em Tournus, é possível visitar a abadia de Saint-Philibert do século X e conhecer no museu Greuze as obras de um pintor do século XVIII. Alguns lugares surpreendem, como as cavernas de Blanot, que descem fundo sob a terra. Essa diversidade permite atravessar vários milênios de história enquanto se percorre a paisagem burgalesa.
A gruta de Azé percorre uma rede de galerias onde a água esculpiu salas e passagens no calcário durante milhares de anos. Estalactites pendem dos tetos, e permanecem vestígios de quem viveu aqui em tempos pré-históricos. Caminhar pela gruta mostra como a natureza e os primeiros habitantes usaram este espaço subterrâneo. A atmosfera é fresca e úmida, e a iluminação destaca as formações criadas pela água. A gruta conecta processos geológicos aos primeiros capítulos da presença humana na região.
O Château de Brancion ergue-se numa colina acima do vale do Grosne e ainda mostra as suas torres e fortificações do século doze. Das muralhas pode-se olhar longe sobre a paisagem borgonhesa. O castelo fazia parte das fortalezas importantes da região e controlava as estradas no vale. Hoje pode-se percorrer as antigas salas e visitar a capela onde permanecem visíveis pinturas murais.
O mosteiro foi construído após as invasões vikings e a sua edificação levou várias décadas. A Abbaye Saint-Philibert representa um dos exemplos importantes da arquitetura borgonhesa desse período, com espessas paredes de pedra e arcos arredondados. No interior, as altas colunas e a atmosfera fresca de um espaço pensado para a oração e a meditação impressionam. A cripta abriga antigas relíquias e testemunha a importância espiritual que este lugar teve ao longo dos séculos. O edifício transmite solidez e ao mesmo tempo conserva uma certa elegância, um testemunho da arquitetura medieval inicial.
A cidade celta de Bibracte situa-se nas alturas do Mont Beuvray e mostra vestígios de fortificações, habitações e oficinas do século segundo antes de Cristo. Ainda se distinguem as muralhas de terra que rodeavam o oppidum e os alicerces dos edifícios onde trabalhavam artesãos e viviam famílias. As escavações trouxeram à luz moedas, cerâmica e objetos em metal que falam do comércio e da vida quotidiana nesta capital celta. O sítio estende-se pelas encostas arborizadas, e caminhos atravessam os diferentes bairros da cidade antiga. Um museu apresenta os achados e explica como funcionava este povoado antes de ser abandonado no primeiro século. A posição na montanha oferecia proteção e controlo sobre os vales circundantes.
A fortaleza medieval de Berzé-le-Châtel ergue-se numa colina e ainda mostra as suas treze torres e muros grossos do século treze. Atravessa-se vários pátios e pode-se subir às muralhas, de onde se avistam os vales e vinhedos em redor. O lugar parece maciço e compacto, com as suas muralhas defensivas e torres redondas que outrora protegiam as terras da abadia de Cluny. No interior sobreviveram algumas salas, e ainda se sente a atmosfera de uma época em que este castelo desempenhava um papel militar importante.
A Roche de Solutré é uma falésia calcária que se ergue abruptamente sobre as vinhas do Pouilly-Fuissé e marca esta paisagem há milhares de anos. No sopé desta parede rochosa, os arqueólogos descobriram no século dezanove ossos e ferramentas da idade da pedra que mostram que as pessoas caçavam e viviam aqui há mais de vinte mil anos. O local deu até o nome a uma cultura pré-histórica chamada Solutreense, e pode-se ver as descobertas no museu instalado no sopé da falésia. Hoje um trilho de caminhada leva ao cume, onde nos encontramos entre ervas e flores silvestres no planalto e contemplamos as vinhas, as aldeias e as colinas suaves do Mâconnais. De manhã o nevoeiro fica muitas vezes nos vales enquanto o cume da Roche já está ao sol. A subida demora cerca de meia hora, o caminho é por vezes íngreme, mas a vista compensa o esforço.
A basílica de Paray-le-Monial data do século doze e mostra como devia ser a grande igreja abacial de Cluny. A igreja foi construída seguindo o mesmo projeto mas em escala menor. Pode-se ver aqui a arquitetura românica que era comum na Borgonha naquela época: muros maciços de pedra, arcos arredondados e uma abóbada alta. O interior parece calmo e luminoso, com formas simples que estruturam o espaço. Os peregrinos visitam esta basílica também por causa das visões que uma religiosa teve aqui no século dezessete. A igreja fica no centro da cidade e continua sendo um lugar importante para crentes de diferentes países.
A abadia de Cluny foi fundada em 910 e tornou-se o centro de uma rede europeia de mosteiros. Sua igreja foi considerada a maior da cristandade até o século dezesseis, antes que a basílica de São Pedro a superasse. Hoje restam apenas partes da estrutura original, incluindo uma torre sineira e seções do transepto sul. Os espaços sobreviventes ainda dão uma ideia do poder e da influência espiritual que Cluny teve outrora. Caminhar pelos jardins e entre as ruínas ajuda a imaginar a escala deste império religioso.
O museu em Tournus expõe pinturas do artista francês Jean Baptiste Greuze do século dezoito e dos seus contemporâneos, incluindo retratos e cenas de género que capturam a vida quotidiana da burguesia da época.
As grutas de Blanot formam uma rede subterrânea de formações calcárias e passagens que se estendem a cerca de trezentos metros abaixo da superfície. Desce-se por corredores estreitos e descobrem-se salas onde o ar fica mais fresco e onde a água moldou formas durante milénios, emergindo da escuridão. As visitas guiadas revelam diferentes níveis onde as estalactites pendem dos tetos e as estalagmites elevam-se do chão. Estas grutas figuram entre as particularidades geológicas de Saône-et-Loire e oferecem uma visão das estruturas escondidas sob o campo burgúndio.
Os vestígios de uma fortaleza do século treze ficam no alto de uma colina sobre o vale. O Château de Thil combina uma posição estratégica com vistas amplas dos arredores. As muralhas e as torres mostram ainda como esses castelos eram construídos para controlar as terras abaixo. O caminho que sobe atravessa bosques e ao se aproximar veem se os velhos muros de pedra que enfrentam o clima há séculos.
Esta catedral ergue-se sobre Autun desde o século doze, com muros grossos de pedra clara e uma torre alta. O portal principal mostra um enorme tímpano esculpido com centenas de figuras representando o Juízo Final. Dentro, as colunas carregam capitéis com cenas de histórias bíblicas e da vida quotidiana medieval, todos diferentes. Ainda se veem nas paredes padrões geométricos que outrora foram pintados a cores. A nave é comprida e alta, com arcos arredondados como em muitas igrejas românicas da região. A luz entra pelas janelas estreitas. Sente-se o peso dos séculos neste espaço.
O castelo de Cormatin foi construído no século dezassete e conservou as suas pinturas murais dessa época. As salas mostram móveis barrocos e tetos pintados, enquanto no exterior foram desenhados jardins geométricos com tanques de água e sebes aparadas. A propriedade situa-se perto da abadia de Cluny e pertence às casas senhoriais que surgiram em Saône-et-Loire depois do período medieval.
A igreja de Chapaize ergue-se com sua torre imponente sobre a paisagem circundante e pertence às construções românicas notáveis de Saône-et-Loire. A torre do século onze atinge uma altura de cerca de 35 metros e serve há séculos como ponto de referência para a região. No interior podem-se admirar esculturas em pedra da época de construção, que testemunham a mestria dos canteiros daquele tempo. As paredes maciças e o design sóbrio correspondem ao estilo românico que estava muito difundido na Borgonha quando mosteiros como Cluny marcavam a arquitetura religiosa. Este lugar transmite a atmosfera de uma aldeia medieval onde a torre da igreja forma o elemento central da comunidade.
O Château de Pierreclos ergue-se numa colina acima das vinhas da Borgonha e une arquitetura medieval com a tradição vinícola da região. As antigas adegas guardam vinhos locais enquanto as torres e muralhas recordam o tempo em que esta fortaleza vigiava o vale. Da torre de vigia veem-se filas de videiras que se estendem pelas encostas suaves. As salas preservam a atmosfera de séculos passados, e ao percorrê-las sente-se a história que vive nestas paredes de pedra.
Este castelo foi construído no século dezoito e ainda abriga móveis franceses desse período. Pode-se caminhar pelos cômodos e ver o mobiliário que foi preservado. O parque tem árvores antigas dispostas ao estilo inglês, com caminhos curvos e gramados abertos. Um teatro privado faz parte da propriedade, onde os residentes e seus convidados realizavam apresentações. O Château de Digoine mostra como as famílias abastadas viviam no campo, com conforto e prazeres culturais longe das grandes cidades.
Esta torre de vigia do século catorze ergue-se sobre Charolles com suas paredes de pedra grossas e permite vistas sobre os telhados em direção ao vale do rio Arconce. Sobe-se por escadas em caracol estreitas para alcançar uma plataforma onde a paisagem circundante se estende para campos abertos. A fortaleza foi construída para controlar o território e pertencia ao sistema defensivo dos condes. Hoje ainda se pode ver as paredes pesadas e entender como estas torres funcionavam quando os guardas ficavam no topo e vigiavam em todas as direções.
O Museu da Mina de Blanzy percorre a história da extração de carvão na Borgonha através de máquinas e ferramentas autênticas que abrangem um século e meio. No antigo edifício mineiro veem-se espaços de trabalho reconstruídos e equipamentos que ilustram a vida dura sob a terra entre meados do século dezanove e as últimas décadas do século vinte. A coleção conserva documentos, objetos pessoais dos mineiros e material técnico que testemunham a transformação industrial em Saône-et-Loire.
Este templo traz o silêncio e as formas do budismo tibetano para o meio da paisagem da Borgonha. Encontram-se aqui edifícios que lembram mosteiros do Himalaia, com seus telhados coloridos e suas vigas esculpidas. Os jardins estendem-se sobre colinas suaves, com estátuas, bandeiras de oração que flutuam ao vento e caminhos cuidados que convidam à calma. Nas salas de meditação reina uma atmosfera particular, onde a luz cai por janelas altas e onde os visitantes podem se retirar. O lugar serve como centro espiritual para a comunidade budista e também recebe curiosos que simplesmente querem descobrir a arquitetura e o ambiente pacífico. Pode-se caminhar entre os edifícios, ouvir o som dos sinos e observar a decoração que preenche cada detalhe com significado.
O castelo de Saint-Aubin ergue-se na paisagem do Charollais desde o século quinze, combinando a austeridade de uma fortaleza medieval com os elementos decorativos da Renascença francesa. A planta quadrada é flanqueada por torres redondas que ainda mantêm a sua forma original. As fachadas mostram molduras de janelas esculpidas e ornamentos influenciados por estilos italianos, enquanto as paredes grossas recordam uma época em que a defesa importava mais do que o conforto. O edifício parece tranquilo e isolado, rodeado de prados e bosques, longe das multidões de turistas que visitam outros castelos borgonheses.
Esta ponte canal atravessa o Loire em Digoin e liga o canal latéral à la Loire ao Canal du Centre. O aqueduto do século dezanove transporta uma via navegável sobre o rio e permite que os barcos passem de um sistema de canais para outro sem enfrentar a diferença de nível. Pode-se observar a estrutura metálica a partir das margens do Loire e por vezes ver barcaças ou barcos de recreio que deslizam lentamente por cima. As margens do rio aqui são largas e planas, o leito muda com as estações. Em certos locais pode-se passar sob os arcos e admirar a engenharia que faz comunicar duas vias navegáveis.
A abadia de La Ferté em Saint-Ambreuil foi a primeira fundação filha de Cîteaux, estabelecida em 1113 quando os cistercienses começaram a difundir suas ideias reformistas para além da Borgonha. Restam partes dos edifícios românicos originais, incluindo trechos de muros e arcos que mostram como estes monges construíam de forma austera e rigorosa. Os arredores permaneceram tranquilos, com prados e colinas baixas, e ao caminhar percebe-se que este foi outrora um centro de vida monástica. Hoje a abadia pertence a proprietários privados, mas as pedras antigas ainda falam de um tempo em que a oração marcava o ritmo diário.
A Maison de la Forêt apresenta ferramentas e técnicas de trabalho da madeira, bem como informações sobre a silvicultura local e a ecologia florestal. Pode ver aqui como as pessoas trabalhavam antigamente na floresta e que importância tinham os bosques para a região. A exposição explica também como se desenvolveu a relação entre o homem e a floresta ao longo dos séculos e que papel a floresta ainda desempenha na vida quotidiana.
Esta capela românica do século doze conserva no interior pinturas murais que representam temas religiosos e se inspiram em modelos bizantinos. As cores mantiveram sua luminosidade através dos séculos, e é possível ver nas paredes figuras de santos e cenas bíblicas pintadas num estilo que lembra a arte do Mediterrâneo oriental. A pequena capela fica nos arredores de Berzé-la-Ville e pertenceu em seu tempo ao domínio dos monges de Cluny, que encontravam aqui um lugar tranquilo para sua devoção. Hoje permanece como um testemunho raro da pintura mural românica na campanha borgonhesa.
O Hameau Dubœuf reúne a história da vinificação com a cultura da região e apresenta nos seus espaços ferramentas antigas, barris e máquinas de diferentes séculos. Percorrem-se adegas reconstruídas, veem-se carroças e descobre-se como o trabalho na vinha mudou ao longo do tempo. Numa parte do museu pode-se visitar um comboio do início do século vinte que transportava vinho e viajantes. Este museu situa-se na zona de Beaujolais e insere-se numa paisagem que vive do vinho há muito tempo.
O castelo de Sully foi construído no século dezesseis e manteve as suas torres defensivas que outrora vigiavam os arredores. Fossos largos cercam a propriedade e separam-na do parque além. Os jardins franceses mostram os padrões geométricos que se preferiam na época, com sebes aparadas e caminhos simétricos. Caminha-se entre os altos muros de pedra e as superfícies calmas da água enquanto as torres se refletem no fosso. A arquitectura combina ainda a tradição defensiva medieval com a elegância renascentista que surgiu em Saône-et-Loire durante esse período.
O museu expõe ferramentas, documentos e objetos da história das corporações francesas. A coleção começa na Idade Média e chega até hoje através de vários ofícios. Veem-se obras-primas em madeira, metal e pedra que os aprendizes criavam para provar as suas capacidades. Cada corporação tinha os seus próprios símbolos, rituais e rotas de viagem pela Europa. A coleção explica como os jovens artesãos se deslocavam de cidade em cidade, aprendiam com diferentes mestres e no final da sua viagem construíam uma peça complexa. Os objetos mostram a precisão e paciência destas tradições, que ainda continuam hoje.
Este museu em Le Creusot traça a história da indústria metalúrgica e a vida dos operários do século dezoito ao vinte, numa cidade moldada durante gerações pelas suas siderúrgicas. As exposições documentam como as pessoas trabalhavam e viviam, com ferramentas, máquinas e objetos do quotidiano que contam as transformações industriais. Podem ver-se fotografias e documentos sobre as famílias operárias, os seus bairros e o ritmo dos seus dias entre a fábrica e a casa.
Este teatro romano do primeiro século fica num bairro antigo onde ainda se veem partes das muralhas da época. A estrutura pertencia a Augustodunum, uma cidade que era então considerada irmã e rival de Roma. Pode-se subir pelas arquibancadas e imaginar como as pessoas se reuniam aqui para ver peças e jogos. Os degraus foram esculpidos em pedra local, e embora muitas pedras tenham sido reutilizadas ao longo dos séculos para outras construções, a forma original ainda permanece bem visível. No verão, às vezes acontecem representações aqui que retomam a antiga tradição. O teatro ficava fora das muralhas e os arqueólogos descobriram outros vestígios romanos nas redondezas.
O edifício museu em Mâcon preserva os aposentos e objetos pessoais do poeta francês do século dezanove. A família Lamartine viveu aqui durante várias gerações, e pode-se caminhar pelos quartos onde o escritor passou a juventude. Nas paredes pendem retratos, sobre as mesas repousam manuscritos e cartas, nas vitrinas vêem-se livros e recordações da sua vida. A atmosfera é calma, quase íntima, como se alguém tivesse acabado de deixar os aposentos. Sente-se aqui o mundo burguês do século dezanove, com os seus móveis pesados e os seus papéis de parede, onde Lamartine escrevia os seus poemas românticos.
Este museu num castelo do século dezassete apresenta a história de Bresse e suas tradições rurais. Veem-se ferramentas antigas, espaços domésticos reconstituídos e objetos do quotidiano de séculos passados. A exposição explica como as pessoas trabalhavam nesta região agrícola, construíam suas casas e celebravam suas festas. No parque erguem-se edifícios típicos da região, incluindo casas com estrutura de madeira e construções agrícolas. O castelo em si é um belo exemplo de arquitetura daquela época, com suas fachadas simétricas e jardim à francesa.